2º Encontro Editora do Brasil para Bibliotecários e Mediadores de Leitura

11 de maio de 2021


Mesmo antes dos desafios trazidos pela pandemia para a educação, a Editora do Brasil estabeleceu entre suas atividades mais do que publicar livros. Frequentemente, investe em novas ferramentas de auxílio a educadores e estudantes. Em seus mais de 70 anos de história, sempre houve a preocupação de se posicionar socialmente como formadora de mediadores de leitura, para que estes, por sua vez, estimulem novas gerações apaixonadas por livros.

Afinal, a atitude leitora não se desenvolve somente a partir de experiências pessoais com os livros, mas também pela afetividade entre os leitores, ainda que essa troca aconteça no campo da memória e da imaginação. Pesquisas, gráficos e estatísticas não deixam dúvidas, mesmo analisando empiricamente as experiências, percebe-se a complexidade de desenvolver o hábito tanto em âmbito pessoal como no coletivo, passando pelo desafio de pensar as próprias contradições e desvirtudes, os medos e os desejos mais secretos. Por isso, tantas vezes o livro representa esforço e coragem. 

Nesse contexto, instigar crianças e jovens a ler não é uma tarefa somente para os apaixonados. Ela envolve repertório, experimentos pessoais, e, sobretudo, exige a disposição do mediador de leitura de se colocar ombro a ombro com os demais, escutando e dialogando para que a jornada se revele em igual condição para todos: a de se descobrir. Foi pensando em fortalecer conhecimentos para a ação de intermediar, que a  Editora do Brasil criou o 2º Encontro Editora do Brasil para Bibliotecários e Mediadores de Leitura.

Editora do Brasil e a promoção do diálogo 

Focado na promoção de diálogos entre a singularidade e a autonomia de cada profissional e considerando a diversidade na qual todos estão inseridos, o evento da Editora do Brasil ocorreu nos dias 28 e 29 abril, com a colaboração de pessoas seriamente comprometidas com o debate sobre o desenvolvimento da leitura e do processo de aproximar livros, escritores, ilustradores, bibliotecários e editores dos leitores e leitoras do país. A programação promoveu a troca de experiências de imersão em leitura, sempre considerando a autonomia crítica, a capacidade narrativa, a diversidade interpretativa e o interesse pessoal de cada leitor. Além de buscar estimular reflexões sobre a importância e as relações construídas no espaço cultural da biblioteca, convidou à perspectiva de uma comunidade leitora que se identifica em um tempo e um espaço não determinado, uma vez que as trocas e as vivências são construídas em constante movimento.

A narrativa enquanto lugar de debate

Os dois dias de evento foram mediados por Penélope Martins, autora de “Minha vida não é cor-de-rosa”, ganhadora do Prêmio Biblioteca Nacional na categoria Juvenil, e Isabella Zappa, formadora de mediadores de leitura e criadora do blog “Na corda bamba”. No dia 28, Penélope e Isabella abriram o Encontro com o tema “Desenvolvimento Leitor – Resgatar a memória para construção de um percurso pessoal de narrativa”. Foram seguidas por Rima Awada Zahra, Cassiana Pizaia e Rosi Vilas Boas, autoras de “Layla, a menina síria”, terceiro lugar do prêmio literário da Fundação Biblioteca Nacional 2019, e de “O Haiti de Jean”, ambos parte da coleção “Mundo sem fronteiras”, da Editora do Brasil.

Sob o tema “A construção da narrativa enquanto lugar de debate”, elas comentaram o processo de criação de seus livros, construídos após meses de estudo para poder olhar a complexidade do tema imigração com um olhar humanizado. “A gente acredita que a literatura faz a diferença e queríamos contribuir para restaurar um pouco o equilíbrio. Queríamos sair da neutralidade, da indiferença, que são os dois grandes males do mundo atualmente”, disse Rima Awada. Rosi Vilas Boas também lembrou que a literatura infantil e juvenil tem o desafio de dialogar com a contemporaneidade, sendo universal e cosmopolita, sem abrir mão da sua individualidade e referências locais. 

Na coleção “Mundo sem fronteiras”, os elementos geográficos, históricos e sociológicos são misturados a ponto do leitor não conseguir identificar qual a fronteira que separa a ficção da história. “Essa mistura, do real e da imaginação, isto é, da história e da ficção, leva-o, de forma prazerosa, a relacionar o romance com a história contemporânea e refletir sobre a construção dela como uma personalidade do mundo. Ele se coloca como construtor também, porque está vivendo aquele mesmo momento dos personagens”, completa.

A importância do ouvir 

No segundo dia do evento, as convidadas Bel Santos Mayer, coordenadora do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), e Luciana Gomes, da equipe da Biblioteca e do Barraco Escola do ateliescola Acaia, falaram sobre “Girar mundos para ver e ler ‘além do espelho’”. “Um primeiro passo para a gente conseguir se ver, é o que estamos fazendo aqui: desligar o microfone e escutar. Nem sempre a educação e a literatura pararam para escutar as outras vozes”, comentou Mayer ao falar da importância do Encontro. Quando a gente fala de leituras, narrativas e de literatura, falamos de ouvir o outro. “Para ouvir o outro você precisa de verdade trazer o que ele tem, se afeiçoar e se afetar com o dizer”, completou Luciana Gomes.

O Encontro também contou com Lucas Meirelles, bibliotecário da Escola da Vila, e Inês De Biase, coordenadora dos Projetos de Leitura da Escola Parque, abordaram o tema “Quem lê, o que se lê e como é lida a Biblioteca enquanto espaço físico e imaginário dentro da Escola”. Assim como, Rosinha, autora de diversas obras publicadas pela Editora do Brasil, como “O Mar de Cecília” (vencedor do Prêmio FNLIJ 2018 na categoria Poesia) e “Minha Pasárgada”, e  Fernando Vilela,  autor e ilustrador de “Ana e os palíndromos”, falaram sobre o tema “A composição dialógica da imagem e sua leitura”. Por fim, Giba Pedroza, escritor, narrador de histórias e pesquisador da tradição oral e da literatura para a infância, narrou a o conto “Uma história em busca de quem a escute”; e Mariana Per, atriz, musicista, cantora, narradora de histórias e educadora, a história “Kethiwe, a rainha da Imbira”. 

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