A importância do apoio emocional aos estudantes em tempos de isolamento social

7 de maio de 2020


O fechamento das escolas devido à pandemia de Covid-19 causou estranhamento, preocupação e dúvidas de pais e educadores sobre o aprendizado dos estudantes com a adoção de aulas remotas. Para além disso, o isolamento social vivenciado no momento pode causar uma série de reações emocionais que também devem ser levadas em consideração quando pensamos no rendimento do jovem. Sendo assim, como a escola, enquanto instituição que também se ocupa do desenvolvimento socioemocional do discente pode, durante a quarentena, também oferecer esse apoio emocional aos estudantes

Emoção e aprendizagem

A relação entre emoção e aprendizagem é indissociável. Diversos estudos nas áreas de Psicopedagogia e Neurociência mostram que o ser humano, desde o nascimento, possui mais facilidade de aprendizado quando se estabelece uma relação de confiança entre os agentes envolvidos –  o que não é diferente no ambiente escolar: num estudo do Learning Policy Institute, as autoras Linda Darling-Hammond e Channa Cook-Harvey, afirmam que “o conhecimento mais recente sobre aprendizado e desenvolvimento humano demonstra que um clima escolar positivo não é um elemento acessório a ser acrescentado depois que as dimensões acadêmicas ou disciplinares já estiverem atendidas. Na verdade, trata-se do principal caminho para um aprendizado efetivo.”

Segundo as autoras, o aprendizado e a capacidade da criança de assimilar e armazenar novos conhecimentos é prejudicado em situações de medo ou hostilidade, resultando em traumas. Situações como essa exigem o desenvolvimento de mecanismos para lidar com esse estresse antes de se esperar um aprendizado mais fluído e natural.

É justamente por isso que é função da escola também se encarregar do desenvolvimento socioemocional dos estudantes, priorizando a criação de um ambiente saudável, inclusivo, plural e positivo como forma de se assegurar o conhecimento acadêmico – se o jovem se sente bem, aprende com mais facilidade.

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O papel da escola no apoio emocional ao estudante

Dessa forma, podemos considerar que não é apenas a relação professor/estudante que desenha o aprendizado do jovem. O espaço físico da escola, a partilha de conhecimento entre os estudantes e o convívio social inerente dessa realidade, quando bem construídos, impactam positivamente na aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de competências.

Assim, é inegável que o distanciamento e isolamento social podem causar, em diversas medidas, estresse pela quebra de rotina e por impor ao estudante que desenvolva suas habilidades num formato que não está acostumado.

Portanto, é muito importante que gestores e professores se empenhem em entender o momento de seus estudantes e que deixem claro para eles que a escola, ainda que virtual, pode ser um local ou um momento seguro e de compreensão de suas necessidades socioemocionais.

Afirmar que fornecer apoio emocional aos estudantes é dever do professor pode assustar ou sugerir ainda mais responsabilidade para o docente neste atual período delicado. Ações para garantir isso, entretanto, são simples, intuitivas e facilmente adaptáveis a rotinas.

Nesse sentido, por exemplo, a própria UNESCO recomenda que as conexões sejam reforçadas . O sentimento unânime durante a quarentena é de solidão, e aprofundar o laços entre professor e estudante pode minimizar os efeitos do isolamento social. Para isso, é possível realizar virtualmente rodas de conversa (se possível, com câmeras abertas), criando um ambiente onde o jovem pode dizer como se sente, partilhar suas rotinas e suas dúvidas. Neste momento, é válido que até mesmo o docente realize a atividade, partilhando seus sentimentos com a turma. Isso evoca um debate horizontal, colocando todos em igualdade, reforçando os laços.

Outra forma com a qual a escola pode ajudar a mitigar os efeitos do isolamento é promovendo debates e outras atividades que incentivem o pensamento crítico sobre a crise que estamos vivendo. Mais do que disseminar informações confiáveis, essa ação busca fazer com que o jovem compreenda que suas angústias são compartilhadas por diversos outros jovens, profissionais e trabalhadores do mundo. Compreender a visão macro de qualquer problema é essencial para soluções pontuais, e com a pandemia de Covid-19 não é diferente.

Conciliando – e não substituindo

Vale ressaltar que essas ações – rodas de conversas, aprofundamento dos debates sobre a crise do Novo Coronavírus e tantas outras que podem ser abordadas pelas escolas não devem substituir o conteúdo curricular programado para as turmas.

Assim, é possível que você proponha uma rotina com sua turma, o que auxilia não apenas no aprendizado dos conteúdos teóricos quanto na diminuição da sensação de  isolamento e solidão. Dessa forma, é possível definir um dia da semana para realizar uma roda de conversas durante algumas horas, outro dia para debater sobre a crise, enquanto o restante da carga horária permanece dedicada às competências e conteúdos esperados em cada disciplina.

Ferramentas x Critérios

Outro aspecto essencial na hora de cuidar do emocional de pais, professores e estudantes, é encontrar equilíbrio entre as ferramentas digitais utilizadas versus os critérios que são levados em conta nas atividades on-line. A insistência em métodos que não se mostram eficazes acabam se tornando numa grande dor de cabeça para todos os envolvidos, repercutindo negativamente no engajamento e no processo de aprendizagem do jovem.

Assim, é preciso identificar a ferramenta digital que melhor se adapta à realidade da sua turma. Isso não significa que você precisa acertar de primeira, mas, sim, que você deve sentir o que reflete resultados mais positivos.

Considerando a realidade de uma escola cuja comunidade possui baixo acesso à internet fixa, com uso majoritário de planos de rede móvel, torna-se mais recomendável o compartilhamento de atividades via grupos de WhatsApp ou Facebook do que em outras ferramentas que exigem mais tanto de dispositivos quanto da capacidade de rede. Isso facilita o processo de aprendizagem remoto, e representa um problema a menos tanto para professores quanto para os estudantes.

Outro fator essencial realizar uma “conversão justa” entre conteúdos presenciais e remotos. Para isso, é válido que a gestão escolar se envolva profundamente no dia a dia do professor que precisa assegurar o aprendizado do jovem via plataformas que não havia previsto no início do ano. Por exemplo: caso um professor de História tenha programado uma avaliação para o final do semestre em modelo formal, extensa e com perguntas abertas e fechadas, nada o impede de digitalizar a mesma avaliação e disponibilizá-la para a realização on-line. Isso não seria, por outro lado, tão eficaz, podendo causar distrações, desânimo e desinteresse do estudante.

Auxiliar o professor na “conversão” desses critérios de avaliação é, então, essencial. A mesma prova pode ser transformada num quizz interativo ou até mesmo diluída ao longo das aulas por meio de atividades ativas que envolvam o protagonismo e a independência do estudante.

Dessa forma, é possível se assegurar de que o quê é exigido on-line não causará transtornos ou dificuldades para jovens e suas famílias, contribuindo para o crescimento gradual e contínuo do estudante, com menos peso e angústia no meio do caminho.

Fontes:
https://www.institutounibanco.org.br/aprendizagem-em-foco/51/
https://www.institutounibanco.org.br/como-oferecer-apoio-socioemocional-aos-estudantes-em-meio-a-pandemia/

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