É parte do papel da escola oferecer empatia para estudantes enlutados

10 de maio de 2021


De muitas maneiras, o coronavírus levou todos a passarem por uma experiência de luto. De  um ente querido, da renda familiar, da conexão com amigos, cerimônias de formatura e até mesmo das rotinas diárias, a palavra que definiu tais momentos foi perda.  Pouco mais de um ano após o início da pandemia global, o impacto psicológico desse cenário coletivo se mostra em estudantes, famílias e educadores, mas cabe ao papel da escola estender a mão e pensar em estratégias de empatia? 

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É hora de reconhecer o papel da escola em promover recursos para apoio

Enquanto as crianças lutam com suas situações individuais, os educadores podem se sentir impotentes, mas não são. Uma das coisas que todos têm autonomia para fazer, neste momento, é tentar manter algumas conexões humanas. Um simples gesto, como comunicar que gostariam que estivessem juntos, que essa pausa nos encontros presenciais é uma precaução necessária à saúde, mas que existem motivos para ter esperança no futuro, já tem um grande efeito e pode sim fazer parte do papel da escola

Muitas vezes, nesta discussão sobre a educação na pandemia, esquece-se o fato de que os educadores também estão passando por esse desafio. Também estão lutando com mudanças nos horários e métodos de ensino, muitos tentam ajudar seus próprios filhos e outros estão lidando com a morte de familiares, amigos e colegas. Incentivar o cuidar de si mesmo para cuidar dos outros é a base de qualquer ação. Como ser um exemplo de gerenciamento de emoções sem estar bem? Os especialistas concordam que os educadores devem buscar ajuda quando necessário, seja para um estudante que eles sintam que está em crise ou para eles próprios. Todo mundo deve ter uma pessoa com quem falar sobre seus desafios. Se não pode ser um supervisor formal, então deve ser um colega ou profissional de apoio escolar. Ensinar é um desafio em situações normais e o que está acontecendo agora é muito além do que qualquer experiência anteriormente vivida.

Atenção aos sinais de luto

Apesar das muitas variáveis ​​desta situação única, existe um padrão para lidar com trauma e luto que ainda se aplica. O que compartilhamos com as crianças deve ser direto, muito claro e estar relacionado ao que elas querem saber. O acesso rápido ao suporte é crucial para encorajar tanto estudantes quanto professores a se conectarem com ajuda. Embora a criação de um programa de apoio deva fazer parte do papel da escola, não é viável para muitas instituições, por isso, é importante exibir e divulgar informações sobre os recursos públicos existentes. 

Da mesma forma, será importante para o futuro, desenvolver e treinar a equipe das escolas para uma compreensão mais ampla do luto relacionado à pandemia. Os professores devem estar preparados para lidar com possíveis ressurgimentos de tristeza assim que os estudantes retornem às aulas presenciais. Do mesmo modo, é necessário pensar o treinamento de todos os funcionários em primeiros socorros psicológicos e garantir que estejam cientes dos recursos de saúde mental disponíveis.

Aceite a falta de previsibilidade

Certifique-se de que os estudantes entendam que, embora nada seja previsível agora, todos estão fazendo modificações para manter a segurança nas escolas. Peça-lhes que lembrem, principalmente os discentes com ansiedade, que “possível” não significa “provável”, caso estejam preocupados com mais perdas. Enfatize que eles estão se tornando cada vez mais resilientes à medida que superam o medo e lidam com a impotência. Uma maneira de fazer isso é integrando apoios socioemocionais culturalmente responsivos durante todo o dia escolar remoto. Crie um espaço seguro para a turma processar os acontecimentos, concentrando-se na empatia, nos pontos fortes, nas conexões familiares e comunitárias e no potencial de cada um para efetuar mudanças positivas. 

Também é papel da escola encontrar maneiras criativas para os estudantes se envolverem em atividades de afirmação de identidade e reforçar seu senso de pertencimento, mesmo que não possam estar fisicamente juntos. Sempre que alguém está sentindo dor, é curativo lembrar a força que vem de quem você é e quem é sua família, o que eles vivenciaram e o que os torna especiais e poderosos. Os pais e responsáveis podem até participar de aulas online para compartilhar suas histórias pessoais, como forma de relacionamento e conexão. Tendo uma visão mais ampla de porquê a identidade é importante, o sentimento de estar seguro aflora com mais facilidade. Assim como se sentir nutrido e amparado na certeza de não ser a única pessoa tendo sentimentos ruins.

Uma estratégia é inserir oportunidades de construção de relacionamento em todas as aulas – e fazê-lo de forma consistente. Mesmo coisas simples, como diálogos que quebram o gelo de forma rápida, podem ajudar os professores a conhecer os estudantes e fazer com que se sintam mais conectados durante o ensino à distância. Na hora de pensar o papel da escola, o aprendizado socioemocional e os acadêmicos devem se complementar, em vez de parecerem prioridades concorrentes.

revista Arco 43

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