Impactos da pandemia na educação: redes municipais apontam internet e infraestrutura como maiores dificuldades

6 de abril de 2021


A crise ocasionada pela Covid-19 gerou incertezas em importantes áreas da sociedade global, incluindo as escolas. Para se ter uma ideia do cenário, a parte mais atingida por toda a situação, no âmbito dos municípios brasileiros, foi a educação, seguida pela geração de empregos. Tais impactos da pandemia na educação têm sido observados em diversos estudos, tanto como mapeamento, como também forma de pensar os caminhos futuros e a contenção de danos.

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Uma das investigações mais recentes, é a pesquisa da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), realizada com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Itaú Social, que detalhou os desafios de 2020 e como está a volta às aulas em 2021. Esta é a quarta fase do mapeamento, que teve a sua primeira edição no início da pandemia, em abril de 2020, para entender como as redes municipais de educação à época estavam se organizando com as atividades educacionais. No estudo atual, as respostas foram coletadas entre os dias 29 de janeiro e 21 de fevereiro de 2021, com a participação de 3.672 municípios (66,9% do total do País). O que representa duas em cada três redes municipais de educação.

Impactos da pandemia na educação em 2020 

De acordo com os dados, cerca de 70% das redes respondentes concluíram o ano letivo de 2020 até dezembro e a grande maioria o fez apenas com atividades não presenciais. Além disso, quase todas acabaram se concentrando em materiais impressos (95,3%) e orientações por WhatsApp (92,9%). As outras abordagens utilizadas foram videoaulas gravadas (61,3%); orientações online por apps (54%); plataformas educacionais (22,5%); videoaulas online ao vivo (21,3%); aulas pela TV (4,1%); aulas pelo rádio (2,6%). Somente 2,4% não ofertaram atividades remotas.

Entre os maiores desafios da educação em tempos de pandemia, o acesso à internet e à infraestrutura escolar foram os que mais impactaram o ano letivo de 2020: 78,6% das redes respondentes identificaram um grau de dificuldade de médio a alto nesse quesito. Além disso, outras dificuldades foram apontadas pelas redes, como o planejamento pedagógico; acesso dos professores à internet; formação dos profissionais e trabalhadores em educação; e, por fim, a reorganização do calendário letivo 2020 e 2021, que aparece como a menor das dificuldades.

Volta às aulas 2021 

Para 2021, 63,3% das redes planejaram começar o ano letivo de forma remota; 26,3% pretendiam iniciar de forma híbrida; e 3,8% de forma presencial. As aulas estavam sendo retomadas na maioria das redes entre os meses de janeiro e março, mas com a fase emergencial em alguns Estados, foram suspensas e têm previsões de retorno a depender das medidas de cada local.

Visando mitigar os impactos da pandemia na educação observados no ano letivo anterior, com relação aos protocolos de segurança sanitária até a data da amostragem, 33,9% já haviam concluído; 59,6% estavam em processo de discussão; e 6,5% não tinham iniciado esse processo. Já os protocolos pedagógicos para a volta às aulas presenciais estavam sendo discutidos por 70,4% das redes; sendo que já foram concluídos em 22,7% delas; e não foram iniciados em 6,9%. 

Segundo Patricia Mota Guedes, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, tantos meses de afastamento do ambiente escolar intensificaram problemas antigos, como a distorção idade-série, o abandono e a evasão, especialmente entre a população mais vulnerável. “A realização de diagnósticos é o caminho mais adequado para propostas pedagógicas que ajudem na motivação dos estudantes e na recuperação das perdas de aprendizagem”, acrescenta.

Como as redes prepararam as escolas para o ano letivo de 2021?

Diante dos impactos da pandemia na educação, quase metade das redes respondentes ofereceu formações relacionadas à Covid-19 em 2020 aos seus professores. Tal prática tem focado em temas diversos, em especial a segurança sanitária e as tecnologias para ensino não presencial. Entre as principais, estão protocolos de segurança sanitária nas escolas; tecnologias para ensino remoto; acolhimento e competências socioemocionais.

É fato que a educação no País já não é a mesma e, provavelmente, não voltará a ser mesmo depois da total normalização das escolas. Uma outra pesquisa, “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus”, feita com 33 mil participantes em julho de 2020, observou o que dizem os jovens a respeito de tudo isso. Quase 30% disseram pensar em deixar a escola. Com um alerta especial sobre o fato de que o que os atrapalhava não era só  a falta do computador e conexão de internet baixa ou nula, mas o próprio equilíbrio emocional e a capacidade de organização para estudar. Ou seja, os impactos da pandemia na educação vão muito além de processos acadêmicos, envolvendo também a formação como sujeito de todos esses discentes.

Para você, quais devem ser os próximos passos para superar os desafios da educação em tempos de pandemia? Conta para gente nas redes sociais da Editora do Brasil!

Fonte: Redes municipais de educação apontam internet e infraestrutura como maiores dificuldades enfrentadas em 2020, mostra pesquisa Undime; Pesquisas mostram o impacto da pandemia em diferentes áreas da educação.

revista Arco 43

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