Necropolítica: entenda o conceito criado por Achille Mbembe

8 de novembro de 2022


Os pesquisadores da educação há muito consideram criticamente as muitas maneiras pelas quais as desigualdades são criadas e sustentadas na escolarização. Uma delas é a necropolítica.

Vamos entender mais? 

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O que é necropolítica?

Em suma, a necropolítica é o uso do poder social e político para decidir quem pode viver e quem deve morrer. O primeiro estudioso a mergulhar no termo foi Achille Mbembe, autor de On Postcolonial, em seu ensaio de mesmo nome.

A necropolítica é frequentemente discutida com biopoder, termo cunhado por Foucault para o uso do poder social e político para controlar a vida das pessoas.

O conceito também se desdobra através das “pequenas doses” de morte que compõem o cotidiano de um indivíduo. Mbembe inclui assim na necropolítica o poder de impor a morte social ou cívica, o direito de escravizar os outros e outras formas de violência política que podem afetar os sistemas educativos em diversos contextos.

Indo além, ao privar um segmento da população do mínimo, neste caso de educação, é como se o governo os condenasse propositalmente a sofrer sem a educação de qualidade que ofereceria a possibilidade de um futuro melhor.

 

Necropolítica na escolas 

É no sistema educacional que os jovens de todo o país, inicialmente, negociam a convergência de raça, gênero, orientação sexual, classe e outras partes de suas identidades complexas, muitas vezes em instituições excludentes, criadas para apagar suas origens.

As escolas têm a capacidade de determinar até que ponto os estilos de vida dos alunos pertencentes a minorias podem existir em seu espaço por meio do que pretendem ensinar, o que deixam de fora, bem como, com quais interações diárias criam, permitem e ensinam e o que valorizam nos contextos culturais em que agem. 

Isso tudo em termos relacionados à identidade, pode-se ir além do subjetivo e citar o concreto também, como a resposta à pandemia de Covid-19, que em alguns lugares aumentou as desvantagens para os estudantes de determinados grupos. 

Falam por si só as taxas de alfabetização e abandono escolar precoce, desigualdade de oportunidades e acesso à educação, infraestrutura precária ou a baixa qualidade do ensino.

A necropolítica não pode ser um projeto para as escolas!

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