O que são e como aplicar os Temas Contemporâneos Transversais?

22 de setembro de 2020


Uma das discussões em constante fomentação na educação do país é sobre o uso dos Temas Contemporâneos Transversais (TCTs). Apesar de não serem uma proposta pedagógica nova, tendo sido recomendados inicialmente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) em 1996, na reestruturação do sistema de ensino, sua aplicação ainda gera muitas dúvidas.

Com as mudanças e propostas do Novo Ensino Médio, o educador pode se perguntar como melhor trabalhá-los e onde inseri-los de forma contextualizada e alinhada aos demais conteúdos. 

Se na década de 90 os Temas Contemporâneos Transversais eram recomendações para a Educação Básica e assuntos que deveriam atravessar as mais diversas disciplinas, hoje são referência nacional obrigatória para a elaboração ou adequação dos currículos e propostas pedagógicas. Eles estão presentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e são parte obrigatória das obras didáticas do PNLD 2021 como ferramentas do processo de contextualização do que é ensinado. 

Temas Contemporâneos Transversais na BNCC

Desmembrando os Temas Contemporâneos Transversais pelas definições do título, o que cada palavra quer dizer?

O contemporâneo é atribuído ao permitir que o estudante entenda melhor questões como utilizar seu dinheiro de forma mais otimizada, cuidar da saúde, usar as novas tecnologias digitais e cuidar do planeta em que vive. Além de entender e respeitar aqueles que são diferentes e saber quais são seus direitos e deveres.

Já o transversal é definido como aquilo que atravessa. Segundo a BNCC, no contexto educacional, é aquele assunto que não pertence a uma área do conhecimento em particular, mas atravessa todas elas. 

“Na escola, são os temas que atendem às demandas da sociedade contemporânea, ou seja, aqueles que são intensamente vividos pelas comunidades, pelas famílias, pelos estudantes e pelos educadores no dia a dia, que influenciam e são influenciados pelo processo educacional” (BNCC, 2019).

É bom ressaltar que a transversalidade é diferente da interdisciplinaridade. Entretanto, ambas são complementares, uma vez que consideram o caráter dinâmico e inacabado da realidade. 

O Parecer Nº 7, do Conselho Nacional de Educação (CNE), aponta que a transversalidade acaba por se referir à dimensão didático-pedagógica e a interdisciplinaridade à abordagem de como se dá a produção do conhecimento, “como uma forma de organizar o trabalho didático-pedagógico em que temas, eixos temáticos são integrados às disciplinas, às áreas ditas convencionais de forma a estarem presentes em todas elas” (CNE/CEB, 2010).

Quais são os Temas Contemporâneos Transversais?

Com a incorporação dos TCTs pela BNCC, estes passaram por uma ampliação dos temas. Nas diretrizes fundadas na década de 90, além de não incluírem o contemporâneo, abordavam apenas seis temáticas. A Base agora aponta seis macroáreas, que por sua vez, englobam 15

Temas Contemporâneos Transversais:

  • Meio ambiente – Educação Ambiental e Educação para o Consumo;
  • Economia –  Trabalho, Educação Financeira e Educação Fiscal;
  • Saúde – Saúde e Educação Alimentar e Nutricional;
  • Cidadania e civismo – Vida familiar e social, Educação para o Trânsito, Educação em Direitos Humanos, Direitos da Criança e do Adolescente e Processo de envelhecimento, respeito e valorização do Idoso;
  • Multiculturalismo Diversidade Cultural e Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras;
  • Ciência e Tecnologia – Ciência e Tecnologia.

Considerando a multipluralidade dos TCTs, as propostas de trabalho podem abordar um ou mais componentes de forma intradisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar, desde que sempre transversalmente às áreas de conhecimento.

Sugestões para guiar a abordagem dos TCTs 

O trabalho com os temas contemporâneos transversais pode começar com uma parceria com as famílias, levando em conta que diversos conceitos deles começam em casa. Ao abordar o contemporâneo, suas aplicações surgem em uma infinidade de possibilidades. 

Para o ensino de História e Geografia, por exemplo, o trabalho com o tema “Diversidade Cultural” pode começar com a proposição de um levantamento. Neste, os discentes seriam instigados a observar as diversidades culturais e étnicas que existem na própria turma. A ideia é fotografar, anotar, ou seja, registrar as percepções gerais de forma criativa.

Em continuidade, o estudante pode escolher um(a) colega para entrevistar e identificar sua origem e perfil. Atentando-se a questões como onde ele(a) nasceu, sua descendência, valores e assim por diante. Ao fim, as informações obtidas são consolidadas com pesquisas em materiais didáticos e compartilhados com todos.

Só neste processo, o educador pode instruir os jovens a perceber a diversidade étnica e cultural do país e no núcleo em que estão inseridos. Pode, igualmente, mostrar a todos a importância dessa diversidade para uma sociedade e a importância do respeito a ela. 

Fonte: Temas contemporâneos transversais na BNCC – Contexto Histórico e Pressupostos Pedagógicos; Temas contemporâneos transversais na BNCC – Propostas de Práticas de Implementação.

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