Por que a primeira infância é tão importante para o desenvolvimento do cérebro?

29 de março de 2021


O desenvolvimento do cérebro das crianças é tão influenciado por seus genes quanto pelo ambiente. Em suma, os bebês nascem prontos para aprender, mas cerca de 90% dos ganhos dependem do que ocorre nos primeiros cinco anos de vida. A primeira infância é, portanto, o momento em que o cérebro se desenvolve e é fortemente influenciado pelo que está acontecendo ao redor da vida da criança e em suas interações com as pessoas. 

De certa forma, o desenvolvimento do cérebro ocorre em períodos. O primeiro por volta dos dois anos e o segundo ocorre na adolescência. No início desses períodos, o número de conexões (sinapses) entre as células cerebrais (neurônios) dobra. Crianças de dois anos têm o dobro de sinapses que os adultos. Como essas conexões entre as células cerebrais são onde ocorre o aprendizado, o dobro de sinapses permite que o cérebro aprenda mais rápido do que em qualquer outra época da vida. Portanto, as experiências das crianças nesta fase têm efeitos duradouros em seu desenvolvimento.

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A curiosidade é um combustível para o desenvolvimento do cérebro

Quando Albert Einstein era criança, poucas pessoas poderiam antecipar as suas contribuições para a ciência, já que seu desenvolvimento de linguagem era atrasado e preocupava os pais a ponto de consultarem um médico. Como essa criança passou de “atrasada” para se tornar um dos maiores gênios da Física? Parte da resposta à pergunta é simbolizada em dois presentes que ele recebeu quando tinha cinco anos. O primeiro deles, uma bússola, dada por seu pai quando o filho esteve doente e, o segundo, um violino recebido da mãe. Ambos objetos desafiaram o cérebro de Einstein de maneiras distintas e na hora certa.

A moral dessa história serve para nos lembrar que a primeira infância é uma excelente oportunidade de estabelecer as bases para uma educação holística, como apontam os  dados da pesquisa “Desenvolvimento e Saúde no Início do Cérebro”. Segundo as informações reunidas, crianças que iniciam a vida estudantil mais cedo têm mais probabilidade de chegar aos segmentos seguintes (Ensino Fundamental e Médio), equipadas com as habilidades sociais, cognitivas e emocionais necessárias a uma vida saudável. Esses benefícios se estendem muito além da escola primária, já que níveis mais altos de sucesso educacional, emprego e habilidades sociais têm sido associados à participação na Educação Infantil de qualidade.

O foco deve ser nas experiências e não nos resultados

É na primeira infância o momento de estabelecer uma mentalidade de crescimento, ou seja, a crença de que talentos e habilidades são desenvolvidos por meio do esforço, em vez de serem inatamente fixados. Os educadores devem evitar rotular crianças ou fazer declarações universais sobre sua capacidade. Ao invés disso, é possível enfatizar a persistência e criar espaços seguros para aprendizagem. Somente assim as crianças descobrirão como amar aprender e mostrarão entusiasmo com o processo.

Uma maneira de evitar o foco em resultados durante esta fase de desenvolvimento do cérebro é destacar a amplitude de possibilidades de aprender, buscando expor as crianças a diversos campos. Este é o momento de envolvê-las na música, leitura, esportes, matemática, arte, ciências e línguas.

Não subestime a inteligência emocional

Sim, queremos que as crianças leiam bem e aprendam os fundamentos da Matemática. Mas não devemos desconsiderar a inteligência emocional. As vantagens de aprender durante esse primeiro período crítico de desenvolvimento do cérebro devem se estender às habilidades interpessoais, como gentileza, empatia e trabalho em equipe. Uma forma de encorajar esse cuidado é incluir as crianças no que os adultos fazem pelos outros. Até mesmo permitir que ajudem nas tarefas da sala de aula.

Educação Infantil e a BNCC

A preocupação com a primeira infância está delimitada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que consolida a necessidade da Educação Infantil de vincular educar e cuidar, entendendo o cuidado como algo indissociável do processo educativo. “Nesse contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e no contexto de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação familiar” (BNCC, 2018, p. 36).

Além disso, a Base também destaca que as crianças precisam desenvolver habilidades com base em eixos que integram a Educação Infantil e são fundamentais para a evolução das crianças, porque fortalecem a capacidade cognitiva e a compreensão do que acontece ao redor delas. O direitos de aprendizagem e desenvolvimendo na Educação Infantil são:

  • conviver;
  • brincar;
  • participar;
  • explorar;
  • expressar;
  • e conhecer-se.

A ideia é que através deles, as crianças pequenas possam aproveitar o processo de aprendizagem no lugar de se concentrar apenas no desempenho. Os educadores e pais ganham mais espaço para enfatizar a alegria de experimentar as atividades e aprender algo novo, assim como mais tempo para ajudar as crianças a compreender que os erros são uma parte normal e bem-vinda do aprendizado. 

Fonte: Why Ages 2-7 Matter So Much for Brain Development; Base Nacional Comum Curricular.

revista Arco 43

 

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