Valorização do professor: conheça a professora brasileira que ficou entre os 10 melhores do mundo

17 de abril de 2019


A professora Débora Garofalo fez história: chegou perto de levar para casa o prêmio Global Teacher Prize 2019, considerado o Nobel da Educação, que promove a valorização do professor e de iniciativas inovadoras de grande impacto social. Foi a primeira vez que uma brasileira e sul-americana esteve entre os dez melhores docentes do mundo, o que é motivo de orgulho para todas as mulheres e para a educação do nosso país. Débora, que dá aulas na rede municipal de ensino de São Paulo, em um bairro próximo a quatro comunidades de baixa renda, para a Educação Infantil e Ensino Fundamental I, chamou atenção nacional e internacional com o projeto de robótica com sucata, transformando lixo em tecnologia.

Colunista de diversos sites e revistas de educação, a professora já ganhou vários prêmios pelo trabalho desenvolvido, que retirou mais de uma tonelada de lixo das ruas. “Recolhemos uma tonelada de materiais recicláveis das ruas, melhoramos a questão dos alagamentos na comunidade, o Ideb escolar passou de 4,2 para 5,2, além de reduzir a questão do trabalho infantil. Eu tinha 30 alunos nessa condição, e reduzimos a evasão em 93%”, afirma Garofalo em entrevista à Carta Capital.

O projeto

Formada em Letras e Pedagogia, com pós-graduação em Língua Portuguesa pela Unicamp e Mestrado em Educação pela PUC–SP, Débora leciona Informática Educativa na Escola Municipal do Ensino Fundamental Almirante Ary Parreiras, desde 2013. Ela acredita que trabalhar a tecnologia é trabalhar o futuro, já que a programação, a robótica e a inteligência artificial já fazem parte do nosso dia a dia e a tendência é que isso cresça cada vez mais.

Na região que a escola fica localizada, na zona sul da cidade de São Paulo/SP, o problema do lixo descartado de forma irregular nos córregos, causava enchentes e outros problemas, como a dengue. De olho nisso, a professora liderou aulas públicas para a população sobre sustentabilidade e reciclagem. Junto com o seus alunos, começou a retirar os resíduos das ruas e levou-os para sala de aula. Assim, surgiu o projeto que estuda como aqueles materiais podem ser aplicados e transformados em robótica. Já passaram pelas aulas da Débora mais de dois mil alunos.

Educação transformadora e valorização do professor

No projeto, crianças de 6 a 14 anos têm a oportunidade de dar vida ao lixo, transformando-os em brinquedos e soluções criativas para as atividades cotidianas. Entre os destaques, estão um pequeno semáforo, uma máquina de refrigerante, robôs variados e jogos, que são apresentados em uma feira de tecnologia promovida pela escola.  “Um aluno criou uma casa sustentável. Uma réplica da casa dele, mas totalmente sustentável, com energia solar, usando o arduino [placas programáveis] para ligar e desligar [a luz] em horários para fazer economia de energia. A gente vê que nasce um pouco de tudo, inclusive soluções para o dia a dia (…).”, disse a professora em entrevista à EBC.

Por meio da aprendizagem criativa, o projeto contagiou os alunos: a adesão foi tão grande que as aulas que antes eram realizadas no laboratório, hoje ganharam o pátio da escola. Engana-se quem pensa que são necessários altos recursos para aplicar o projeto. Débora também se dedica a promover a formação de outros professores sobre o ensino de robótica com sucata, provando que é possível replicar a iniciativa. A docente acredita que o prêmio foi além de estar entre os dez melhores do mundo. Para ela, a lição de casa que fica é buscar cada vez mais a valorização do professor e promover a educação transformadora.

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