Como trabalhar com perguntas criadas pelos próprios alunos pode aprofundar o aprendizado?

27 de janeiro de 2021


Estudantes que fazem boas perguntas têm melhor desenvolvimento, pelo menos foi o que uma pesquisa realizada em 2020 destacou. Geralmente, entre as estratégias de ensino e estudo mais populares estão destacar passagens, reler notas e sublinhar conceitos chave. Entretanto, auxiliar os discentes a gerarem indagações sobre seu aprendizado e, gradualmente, partir para perguntas mais investigativas, também é uma metodologia ativa e eficaz.

De acordo com a pesquisa realizada em 2020 por estudiosos alemães e publicada na revista científica Applied Cognitive Psychology, quando os estudantes se preparam para os exames, normalmente estudam relendo notas ou treinando. No entanto, a aquisição de conhecimento referente a material de aprendizagem coerente e complexo se beneficia pouco desse tipo de reestudo superficial. Isso porque essa estratégia não atinge a retenção de longo prazo. Por sua vez, afeta-se um objetivo central da educação, que é permitir que o conhecimento seja aplicado em uma variedade de contextos fora dos ambientes de aprendizagem formais.

Portanto, a identificação de estratégias de ensino e aprendizagem que promovem a retenção de longo prazo é substancial. Na pesquisa, os jovens que estudaram um tópico e, em seguida, geraram suas próprias perguntas sobre ele, pontuaram em média 14 pontos percentuais a mais em um teste do que os que usaram estratégias passivas (como estudar suas anotações e reler o material da sala de aula). A criação de perguntas, de acordo com os pesquisadores, não apenas os incentivou a pensar mais profundamente sobre o tópico, mas também fortaleceu suas capacidades de lembrar o que estavam estudando.

Por que formular perguntas é tão eficaz?

Estratégias de aprendizagem que requerem esforço cognitivo adicional encorajam os estudantes a processar o material mais profundamente. Ou seja, a mapear os conceitos e fazer associações com outros contextos, o que colabora com a retenção do conteúdo. Aliás, usar perguntas para ensinar é uma prática antiga e tem sido importante para educação por séculos. As perguntas feitas pelos professores costumam ser usadas para estimular a lembrança de conhecimentos anteriores, promover a compreensão e desenvolver habilidades de pensamento crítico. Bem como para ajudar a descobrir o que foi aprendido, para explorar de forma abrangente o assunto e a discussão/interação entre colegas.

Entretanto, são as perguntas iniciadas pelos estudantes que aumentam o aprendizado de ordem superior. Como uma boa metodologia ativa, elaborar perguntas exige que analisem informações, conectem conceitos aparentemente opostos e articulem seus pensamentos. Lembre-se que as questões eficazes são feitas em um ambiente de aprendizagem seguro, apoiadas no estímulo à criatividade e pensamento crítico. Portanto, ao buscar entender o que eles aprenderam, seja em um teste escrito ou oral, comece com uma estrutura convidativa. Use plurais e inclua pressuposições positivas que indicam sua crença na capacidade deles de responderem e gerar mais dúvidas.

Quais são as estratégias de ensino para instigar boas perguntas?

Há muitas estratégias de ensino envolventes para fazer com que os estudantes criem indagações produtivas. Porém, essa conversa deve se iniciar estabelecendo uma sala de aula e, de preferência, uma cultura para toda a escola que promova a investigação e o aprendizado contínuo. Conta-se a história de que o físico, ganhador do Nobel de 1944, Isidor Isaac Rabi, atribuiu seu sucesso a sua mãe. Enquanto todas as outras crianças, ao chegarem da escola, ouviam a pergunta “o que você aprendeu hoje?”, ela costumava perguntar: “que boa pergunta você fez hoje?”. A moral dessa história é que permitir a indagação abre possibilidades sem precedentes!

Esteja disposto a aproveitar o momento de ensino quando um estudante fizer uma pergunta diferenciada. Ao invés de deixar para depois, valorize-a buscando uma resposta com a turma toda. “Bem, fulana, essa é uma pergunta muito interessante. Vamos pensar sobre isso e ver se podemos encontrar algumas respostas possíveis ou se precisaremos fazer alguma pesquisa?”

Também é oportuno, quando sua turma ler um texto ou assistir a um vídeo, no lugar de fornecer perguntas prontas sobre o material, pedir que eles compartilhem os questionamentos que surgiram em suas cabeças ao interagir com o material. A ideia destas estratégias de ensino é fazer com que crianças e jovens vivenciem a escola como um lugar para ir em busca de “indagações” e não exclusivamente de “respostas”. 

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