Desenhar está entre as técnicas de aprendizagem e fixação de conteúdo mais eficazes

24 de março de 2021


Uma imagem vale mais do que mil palavras? Um estudo norte-americado de 2018 explorou essa máxima e, segundo os dados, tratando-se de técnicas de aprendizagem, desenhar é uma atividade superior a ler ou escrever, pois força a pessoa a processar informações de várias maneiras: visual, cinestésica e semântica. Em uma série de experimentos, os pesquisadores descobriram que as informações do desenho são uma forma poderosa de aumentar a memória e promover a integração de códigos elaborativos, pictóricos e motores, facilitando a criação de uma representação rica em contexto. 

É importante ressaltar que os benefícios do desenho nos testes não dependeram do nível de talento artístico dos observados, sugerindo que essa estratégia pode funcionar para todos e não apenas para aqueles que sabem desenhar bem. Mas, afinal, por que desenhar é uma ferramenta de memória tão poderosa? Os pesquisadores explicam que “requer uma elaboração sobre o significado do termo e a tradução dessa definição para uma nova forma (uma imagem).” Ou seja, ao contrário de atividades nas quais os estudantes absorvem informações passivamente, o desenho é ativo. Isso os força a lidar com o que estão aprendendo e reconstruir de uma forma que faça sentido para eles.

Os pesquisadores apontaram que além de estar entre as boas técnicas de aprendizagem, o desenho também está entre as estratégias de fixação de conteúdo, já que resulta em uma melhor recordação pela forma como as informações são codificadas na memória. Quando um estudante desenha um conceito, ele deve elaborar sobre seu significado e características semânticas, envolver-se nos movimentos da ação motora e inspecionar visualmente a imagem criada, ou seja, o processamento pictórico.

Como funciona a memória?

Em um nível neural, a força de uma memória depende muito de quantas conexões são feitas com outras memórias. Uma informação isolada – como um fato trivial – é logo esquecida no esforço constante do cérebro para podar o conhecimento não utilizado. O oposto, entretanto, também é verdadeiro: quanto mais conexões sinápticas uma memória tem, mais ela resiste a ser esquecida. Então, quando desenhamos, codificamos a memória de uma forma muito rica, juntando em camadas a memória visual da imagem, a cinestésica de nossa mão desenhando e a semântica, que é invocada quando nos envolvemos na construção de significado. O conjunto da obra aumenta muito a probabilidade de que o conceito que está sendo desenhado seja recuperado posteriormente.

A pesquisa desmascarou a ideia de que os estudantes aprendem melhor quando os professores tentam combinar o ensino em uma única modalidade. Em vez disso, o que apontam é que o desenho se aproveita de várias modalidades – visual, cinestésica e semântica. Essa combinação é superior e tem grandes efeitos como uma das efetivas técnicas de aprendizagem disponíveis: quando os alunos desenham algo, eles o processam de três maneiras diferentes, na verdade, aprendendo três vezes.

Técnicas de aprendizagem visual, cinestésica e semântica

Existem várias maneiras pelas quais os professores podem incorporar o desenho para enriquecer o aprendizado, uma delas é instigar cadernos mais interativos. Ao invés de os estudantes fazerem anotações literais, incentive-os a serem criativos. Um lado de seus cadernos pode ser usado para anotações escritas, o outro para desenhos, diagramas e gráficos.

Visualização de dados

Pedir a turma que colete, analise e apresente dados de forma visual pode aprofundar a compreensão de um tópico. Os exemplos incluem a visualização de conceitos em Matemática,  análises literárias e exploração de variados conceitos.

Criação de livros

Que tal propor um projeto onde os estudantes criam seus próprios livros para representar visualmente tópicos em assuntos que vão desde Ciência até Arte? Sendo mais criativos, eles também podem criar quadrinhos para contar histórias ou descrever eventos.

Cartazes interativos

Criar cartazes é uma atividade básica em muitas salas de aula. Se você não quiser se preocupar com bastões de cola, marcadores e revistas para recortar imagens, o Desenhos Google pode ajudar, já que é um ótimo local para criar pôsteres interativos. Cartazes regulares são estáticos e contêm apenas as informações que você pode colocar neles. Cartazes interativos têm links clicáveis, tornando um ponto de partida para mais informações. É só tomar o cuidado de envolver as três etapas: visual, cinestésica e semântica. 

Pares de palavras malucas

Essa brincadeira é ótima para o ensino de línguas estrangeiras. A dinâmica é a seguinte: atribua a cada estudante um par incomum ou inesperado de substantivo-adjetivo. Por exemplo, “bicicleta mole” ou “gatinho irritado”. Dê um determinado período de tempo para ilustrarem o emparelhamento e não os deixe pesquisar o que as palavras significam. Ao invés disso, peça-lhes que desenhem tudo o que acham que descreve visualmente a frase. Em seguida, dê uma rápida caminhada pela galeria para compartilhar a diversão. Ao não permitir que procurem as palavras, eles acabam tentando deduzir as definições com base nas partes e significados que conhecem, o que os força a pensar visualmente.

Seja qual for a atividade, incentive a turma a desenhar sempre. Fazer disso uma das técnicas de aprendizagem de sua sala de aula pode impulsionar a memória, mas também  pode gerar bons desafios de exploração de novas ideias tanto para você, educador, quanto para os estudantes.

revista Arco 43

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