O que é racismo ambiental?

13 de julho de 2023


O termo racismo ambiental foi criado pelo ativista afro-americano de direitos civis Benjamin Franklin Chavis Jr. em 1981, durante os movimentos contra o preconceito racial liderados por Martin Luther King Jr. A expressão surgiu como uma consequência da sua investigação sobre o despejo de resíduos tóxicos em áreas habitadas pela população negra nos Estados Unidos.

Nos primeiros meses de 2023, vimos estados de todo o Brasil serem atingidos por eventos climáticos extremos, provocando deslizamentos de terra e inundações. Segundo uma matéria publicada no portal Poder360, ao todo foram registrados “1.532 municípios em situação de emergência devido a desastres causados por chuvas e estiagem”.

As consequências do racismo ambiental

O racismo ambiental acomete, principalmente, as minorias: negros, populações indígenas e quilombolas, por exemplo. Casos como os acontecidos no começo de 2023 são exemplos de regiões desamparadas pelo serviço público.

As zonas periféricas são as que mais sofrem com as ações humanas, como nos casos do rompimento das barragens da Samarco em Mariana (MG) e da Vale em Brumadinho (MG), que:

  • Prejudicou a qualidade de vida de povos indígenas;
  • Deixou 293 vítimas e três corpos ainda não encontrados;
  • Atingiu mais de 40 municípios e impossibilitou a pesca e a saúde de rios e lagos; e
  • Dentre as pessoas atingidas, sua grande maioria era negra ou não se declarava como branca, com renda média abaixo de dois salários mínimos.

Em dados divulgados pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) em 2021, é possível observar que, dos 213,3 milhões da população brasileira, apenas 117,3 milhões recebem atendimento com rede de esgoto, sendo 64,1% para a população urbana. Quanto à rede de água, os números são ainda maiores: 177 milhões possuem atendimento com rede de água, sendo 93,5% para a população urbana.

Soluções coletivas e governamentais

Para que cada um desses pontos sejam analisados e planejados estrategicamente, as populações vulnerabilizadas precisam ser representadas no poder político e econômico do país por quem vive dentro dessas comunidades e sabe das necessidades do local.

Além de ações individuais e coletivas para a preservação do meio ambiente e o auxílio às famílias vítimas do racismo ambiental, é necessária a comoção do Estado e de grandes empresas para a diminuição do desperdício de recursos naturais, o despejo de tóxicos e resíduos nos oceanos e a exploração de territórios indígenas demarcados.

Também é preciso promover a valorização de conhecimentos e costumes tradicionais e a criação de políticas públicas que defendam os direitos humanos, ao colocar a desigualdade social e econômica como prioridades, a fim de combater as injustiças ambientais.

População em situação de racismo ambiental na Etiópia
Fonte: Shutterstock

Trabalhando o tema em sala

Para trabalhar o racismo ambiental em sala de aula e estendê-lo para além da escola, separamos algumas ideias de livros e documentários baseados em estudos de grandes pesquisadores e pesquisadoras.

Malaika, força do Congo

Em “Malaika, força do Congo”, uma obra de Cassiana Pizaia, Rima Awada Zahra e Rosi Vilas Boas, acompanhamos a história de Malaika e sua família, que tiveram de deixar o país de origem, o Congo, por conta de conflitos, desigualdades e a influência dos colonizadores.

Ganga Zumba

Na obra “Ganga Zumba”, de Rogério Borges, vemos a história de um herói e primeiro líder do grandioso Quilombo dos Palmares: Ganga Zumba. Durante a leitura, nos deparamos com lindos versos e ilustrações carregadas da cultura de seus deuses ancestrais que o guiam por sua jornada.

Alphaville – Do Lado de Dentro do Muro

Alphaville é um filme documental, disponível no YouTube, que retrata a desigualdade social. Por meio da visão dos moradores de um condomínio de alto padrão no município de Barueri (SP), que narram sobre seu dia a dia incomum com extrema segurança e boas condições de vida, percebemos que eles não têm conhecimento da realidade do mundo fora dos muros que os cercam.

Guerras do Brasil

A série documental “Guerras do Brasil”, disponível na Netflix, conta, ao longo de cinco episódios, sobre as verdadeiras histórias de vida, luta e sobrevivência dos povos originários durante a chegada dos europeus às terras brasileiras.

Dentre os episódios, entendemos: como a população indígena segue na luta pela demarcação de suas terras após seus povos serem dizimados ao longo dos anos; como funcionavam as comunidades quilombolas e sua inteligência militar durante os 100 anos da guerra dos Palmares; a união causada pela guerra do Paraguai entre Brasil, Uruguai e Argentina e os cinco anos de confronto; a Era Vargas e o fim da Velha República; e os problemas do sistema prisional e a universidade do crime.

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