Um percurso metodológico

28 de maio de 2021


O material que abre os livros da coleção InterAção Linguagens (obra inscrita e submetida à avaliação no PNLD 2021 – Objeto 2) traz uma proposta reflexiva e é construído especificamente para você, professor(a): “Um percurso metodológico” 

Um percurso metodológico

Por que “Um” percurso metodológico? 

Porque existem muitas possibilidades para mediar situações de aprendizagens diante da diversidade presente em sua sala e, nos dias atuais, nas formas híbridas de trabalhar. Uma das proposições da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) está na formação do estudante protagonista, que faça conexões entre os conhecimentos de várias áreas. 

InterAção Linguagens é uma obra atenta a esse propósito, propiciando que você tenha uma atitude mais autoral em relação ao desenvolvimento do processo pedagógico, de modo que possa trabalhar lado a lado com os alunos. A compreensão dessa ação está no significado da palavra lado, do latim latus, no sentido de que somos um todo composto de vários lados. 

Em outras palavras, a coleção InterAção Linguagens busca dar a base de conteúdos e proposições do Ensino Médio em Linguagens, para que você possa trabalhá-los de acordo com a realidade da turma, observando, ainda, como ampliar os sentidos, os processos e os impactos de suas proposições ao abrir diálogo com os estudantes. A relação é de construção conjunta, com espaço para o protagonismo do jovem nesse processo.

Professor: articulador de múltiplas conexões 

Outra colocação da BNCC está em sua atuação como mediador. Você, possivelmente, vem se perguntando o que altera na sua sala a solicitação de ser um mediador. E por que foi apontada esta necessidade de ser um mediador?

Para falar sobre mediação e sua ação em sala de aula, é preciso lembrar de vetores que sempre estiveram presentes e atravessaram a relação com os estudantes e que, portanto, não podem ser desconsiderados: 

  • a força da comunidade em que a escola está inserida e sua diversidade sociocultural;
  • as demandas de percepção e posicionamento diante das questões geopolíticas atuais, encontradas em todos os cotidianos; 
  • a presença da imaterialidade nas formas de buscar informação e conhecimento, além dos meios de filtrá-los; 
  • os avanços tecnológicos, que tornam os estudantes do século XXI atuantes na esfera digital e virtual; e 
  • a necessidade de consolidar e criar conexões com os aprendizados do Ensino Fundamental dentro das novas propostas educacionais, visando ao desenvolvimento de competências e habilidades.

Lembremos que mediação é encontro! Encontro com seus estudantes. Encontro de seu planejamento com o contexto em que sua escola está inserida. Encontro com todos os vetores que orientam a sua atuação na contemporaneidade. 

Repertório: um valor incalculável

Como ponto de partida deste valor incalculável, vamos criar uma imagem: “drive”. O termo “repertório” é o drive em que todas as experiências vão sendo arquivadas de maneira dinâmica, sendo armazenadas e, ao mesmo tempo, disponibilizadas para estabelecer novas conexões individuais ou simbólicas. São inúmeros os arquivos guardados ao longo da vida nos drives individuais, mas eles não podem ser salvos de modo passivo, e sim de maneira dinâmica. O drive deve possibilitar informações para instituir diferentes conexões, possibilitando novos significados, para proporcionar novas percepções.

Se o drive garante armazenar e, ao mesmo tempo, disponibilizar conteúdos, é necessário praticar sempre estas duas funções, de modo similar ao que acontece na prática de exercícios físicos. É a partir da continuidade da rotina de exercícios que se ganha massa muscular. É a partir da continuidade de abastecimento do drive que se ganha conhecimento. É a partir da continuidade de você, professor, mediar a construção do repertório de sua turma que todos os estudantes serão levados ao protagonismo de suas ações.

Processo de criação: não mais um simples fazer

Um primeiro encaminhamento para compreendermos “não mais um simples fazer” está na BNCC do Ensino Fundamental, no objeto de conhecimento que identifica as habilidades relacionadas às práticas: Processo de criação. O seu estudante já vem imbuído de seu fazer ser um processo. 

Um processo criativo de um artista, igualmente ao planejamento de uma aula, deve estar aberto a alterações que vêm do percurso. É o acréscimo de todas as visões que os estudantes têm a respeito do assunto planejado que, muitas vezes, altera a proposta em construção. No percurso metodológico do artista, este resultado vem de maneira mais contundente à medida que os processos vão se definindo ao longo de sua trajetória, a partir de pesquisas, investigações, fazeres e refazeres, enfim, das inúmeras etapas que ocorrem durante o todo. 

Conexões interdisciplinares: muitos diálogos

Para começar, vamos contextualizar a dimensão da arte – crítica –, percebendo que compreende a articulação entre a investigação, a pesquisa, a vivência de diversas experiências, e aqui não nos referimos apenas às intrínsecas da área de linguagem; é possível constatar a formação de um pensamento próprio, organizado e objetivo, englobando aspectos estéticos, políticos, históricos, filosóficos, sociais, econômicos e culturais. Assim são as conexões interdisciplinares.

Dificilmente formulamos uma crítica construtiva se não passarmos por um processo de experimentação e reflexão, reflexão aqui colocada como o caminho para a construção de um posicionamento diante de experiências e processos criativos buscando a interpretação do que foi vivenciado.

Por que estas duas colocações são importantes na proposta pedagógica?

Porque elas trazem o processo das ações, reforçando a potencialidade de cada componente curricular a partir dos saberes que abarca de maneira conectada, propiciando a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. Nesse sentido, InterAção Linguagens busca retirar de cada um dos componentes que compõem a área de Linguagens a condição de disciplina fechada e propõe o universo de conexões em prol da construção de novos saberes e aprendizagens.

Mundo digital: uma nova maneira de pensar

As transformações tecnológicas influenciam a sociedade, a economia, os sujeitos, a cognição, as emoções. Estas transformações vêm ocorrendo desde a década de 1990, quando passamos a utilizar os computadores no nosso dia a dia, logo usufruindo do meio digital não só para escrever e ler, mas também para investigar, experimentar e compartilhar, entre outras funções, sendo os estudantes sempre os pioneiros nas potencialidades dos novos aplicativos e de suas respectivas aplicabilidades. 

O mundo midiático e informacional funciona multiplicando as conexões, e seu usuário se torna hiperconectado em diversas interfaces desarticuladas entre si, propiciando diferentes buscas, resultando em informações diversificadas. Muitas dessas investigações transformam a sala de aula em espaço de encontros, diálogos, produção de pensamentos e compartilhamento de experiências com foco em aprender, e não em ser aprovado.

Avaliação: rever caminhos percorridos

Um ponto importante é perceber que a área de Linguagens exige uma avaliação processual, contínua e permanente, pela observação do estudante, – se ele se entregar a novas experiências e buscar novos aprendizados –, mas isso só será possível se você tiver um ponto de partida: seu conhecimento. É preciso entender a avaliação não apenas como um instrumento para medir aquilo que o estudante ainda não conseguiu aprender, mas também, e principalmente, para planejar e propor intervenções e ajustes adequados que o levem a verdadeiramente avançar no percurso da aprendizagem. Tão importante quanto executar um instrumento de avaliação é analisar e refletir sobre o processo educativo como um desafio constante. É na multiplicidade de desafios que o estudante tem a oportunidade de identificar sua forma de expressão entre os diferentes componentes da área de Linguagens e, dentro dela, as inúmeras possibilidades de se expressar.

Percurso contínuo: um recomeçar sempre 

Se você se perguntou ao ler este título se não acaba, sim, não acaba, é um permanente recomeçar! A construção de um percurso metodológico autoral é sinônimo de um permanente processo de criação. Cada vez mais, os vetores que vimos no início deste texto e o permanente trabalho lado a lado com os estudantes propiciam que eles edifiquem o próprio caminho, e estes confluem para a construção de um novo percurso metodológico.

Essa construção é contínua, pois, a cada turma e a cada ano, você terá novos perfis socioculturais, novos desafios e novas inseguranças sobre profissionalização – não somente pelo fato de as questões mundiais serem dinâmicas e complexas, mas também pelas transformações geracionais, mudanças tecnológicas e por muitas outras razões. 

Conheça mais sobre a obra!

Maria Helena Webster e equipe de Linguagens

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